sexta-feira, abril 27, 2007

Oooooooooia!

Saiu no blog de política do Jornal O Povo...

Câmara apresenta projeto de aumento para deputados

Durante reunião entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e os líderes partidários, foi apresentado o texto do projeto elaborado pela Mesa Diretora da Câmara que reajusta o salário de deputados e senadores em 26,49%. Segundo o líder do governo, José Múcio (PTB-PE), o projeto não será votado hoje porque "os líderes consideraram que este não é o momento oportuno" já que há outras medidas provisórias para análise no plenário. Pelo projeto, os salários saltariam de R$ 12.847 para R$ 16.250,42. O aumento também incidiria sobre o salário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, José Alencar.


Alguns detalhes. Primeiro... Esse aumento é em cascata, ou seja, o aumento deve ser refletido também para parlamentares estaduais e municipais. A Constituição prevê que o deputado estadual (Ceará têm 46) ganhe 75% do que ganha o federal, isto significa que o novo ordenado dos membros da Assembléia Legislativa será de R$ 12.384,06. Os vereadores também podem perceber até 75% do que ganham os deputados estaduais. Assim, os vereadores embolsarão todo mês R$ 9.288,04.

Outro... Os senadores e deputados federais tem direito, ainda, a auxílio moradia (todos tem um apartamento funcional, mas muitos não usam. Preferem o auxílio moradia), correios e telefone, auxílio paletó, auxílio gasolina, além da cota de passagens aéreas (inclusive os do Distrito Federal), que varia dependendo do Estado de origem do parlamentar. Para os estaduais e vereadores há a VDP (Verba de Desempenho Parlamentar).

E só mais uma... O aumento, se aprovado ("Mascomoassimporexemplo? SE aprovado? Fala sério, Marcus!"), será retroativo a abril. Mas o presidente da Câmara, Dep. Arlindo Chinaglia já cantou a bola de que, "se alguém propuser e aprovar, a gente pode retroagir a partir de fevereiro".

Aí eu diria... "Oooooooooia!"

"Stop doing list"

"To do list" todos conhecem, e muitos a usam com eficiência. A idéia é listar o que precisa ser feito, e acompanhar sua execução. Simples, né? Pois é... Lista de tarefas nos ajudam muito a controlar nosso tempo com o que precisa ser feito. Mas ela não nos diz o que não precisa ser feito... a menos que consideremos que tudo o que não estiver explicitamente permitido está proibido, ou seja, tudo o que não estiver na lista de tarefas não pode ser feito. É... mas não fazemos assim. Nem poderíamos.

Algo que pode ser bastante útil para um melhor controle de nosso tempo seria a "Stop doing list", ou seja, a lista de atividades que devemos parar de fazer. Sempre gastamos muito tempo com tarefas que não contribuem com nosso trabalho, e em muitos casos (acredito que a maioria) só atrapalham. Então coloque essas atividades na lista do que não fazer, e não faça.

Think about it!

quinta-feira, abril 26, 2007

Beco sem saída?

Delegados da polícia civil e Policiais Militares envolvidos em grupos de extermínio, juízes e desembargadores, aqueles que deveriam ser bastiões da justiça metidos até o pescoço com venda de sentenças e crime organizado, policiais federais envolvidos em corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha, ..., ..., ... Outro dia uma deputada (e policial licenciada) sugeriu que um de seus colegas, um delegado da polícia civil deveria ser alvo de "um monte de tiros nos cornos". Dos parlamentares nem falo mais.

E agora, para onde vamos? A quem podemos recorrer?

Sei que estou sendo extremamente injusto com todas essas instituições listadas. Sei que existem muitos representantes (acho que até a sua grande maioria!) de mais alta idoneidade em cada uma dessas instituições. Mas o fato é que o nome e credibilidade dessas instituições estão comprometidos por esses poucos.

E é isso que nos deixa a dúvida... a quem podemos recorrer? Será que "esse" é um "daqueles"?

Estamos num beco sem saída?

terça-feira, abril 24, 2007

Família tem que ser careta

Caríssimos,

Li um artigo muito interessante, e que acho que vale a pena compartilhá-lo. O artigo fala da família, e da permissividade da família "moderninha".

Enjoy!

FAMÍLIA TEM DE SER CARETA
(por Lya Luft, Revista Veja, Ponto de Vista, 14 fevereiro 2007, pg 18)

Esperando uma reação de espanto ou contrariedade ao título acima, tento explicar: acho, sim, que família deve ser careta, e que isso há de ser um bem incomparável neste mundo tantas vezes fascinante e tantas vezes cruel. Dizendo isso não falo em rigidez, que os deuses nos livrem dela. Nem em pais sacrificais, que nos encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e floresça.

Não penso em frieza e omissão, que nos farão órfãos desde sempre, nem em controle doentio - que o destino não nos reserve esse mal dos males. Nem de longe aceito moralismo e preconceito, mesmo (ou sobretudo) disfarçado de religião, qualquer que seja ela, pois isso seria a diversão maior do demônio.

Falo em carinho, não castração. Penso em cuidados, não suspeita. Imagino presença e escuta, camaradagem e delicadeza, sobretudo senso de proteção. Não revirar gavetas, esvaziar bolsos, ler e-mails, escutar no telefone, indignidades legítimas em casos extremos, de drogas ou outras desgraças, mas que em situação normal combinam com velhos internatos, não com família amorosa.

Falo em respeito com a criança ou o adolescente, porque são pessoas, em entendimento entre pai e mãe - também depois de uma separação, pois naturalmente pessoas dignas preservam a elegância e não querem se vingar ou continuar controlando o outro através dos filhos.

Interesse não é fiscalizar ou intrometer-se, bater ou insultar, mas acompanhar, observar, dialogar, saber. Vejo crianças de 10, 11 anos freqüentando festas noturnas com a aquiescência de pais irresponsáveis, ou porque os pais nem ao menos sabem onde elas andam. Vejo adolescentes e pré-adolescentes embriagados fazendo rachas alta noite ou cambaleando pela calçada ao amanhecer, jogando garrafas em carros que passam, insultando transeuntes - onde estão os pais?

Como não saber que sites da internet as crianças e os jovenzinhos freqüentam, com quem saem, onde passam o fim de semana e com quem? Como não saber o que se passa com eles? Sei de meninas, quase crianças, parindo sozinhas no banheiro, e ninguém em casa sabia que estavam grávidas, nem mãe nem pai. Elas simplesmente não existiam, a não ser como eventual motivo de irritação.

Não entendo a maior parte das coisas solitárias e tristes que vicejam onde deveria haver acolhimento, alguma segurança e paz, na família. Talvez tenhamos perdido o bom senso. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender as crias indefesas - e não me digam que crianças de 11 anos ou adolescentes de 15 (a não ser os monstros morais de que falei na crônica anterior) dispensam pai e mãe.

Também não me digam que não têm tempo para a família porque trabalham demais para sustentá-la. Andamos aflitos e confusos por teorias insensatas, trabalhando além do necessário, mas dizendo que é para dar melhor nível de vida aos meninos. Com essa desculpa não os preparamos para este mundo difícil. Se acham que filho é tormento e chateação, mais uma carga do que uma felicidade, não deviam ter tido família. Pois quem tem filho é, sim, gravemente responsável.

Paternidade é função para a qual não há férias, 13º, aposentadoria. Não é cargo para um fiscal tirano nem para um amiguinho a mais: é para ser pai, é para ser mãe. É preciso ser amorosamente atento, amorosamente envolvido, amorosamente interessado. Difícil, muito difícil, pois os tempos trabalham contra isso.

Mas quem não estiver disposto, quem não conseguir dizer "não" na hora certa e procurar se informar para saber quando é a hora certa, quem se fizer de vítima dos filhos, quem se sentir sacrificado, aturdido, incomodado, que por favor não finja que é mãe ou pai. Descarte esse papel de uma vez, encare a educação como função da escola, diga que hoje é todo mundo desse jeito, que não existe mais amor nem autoridade... e deixe os filhos entregues à própria sorte. Pois se você se sentir assim, já não terá mais família, nem filhos, nem aconchego num lugar para onde você e eles gostem de voltar, onde gostem de estar. Você vive uma ilusão de família. Fundou um círculo infernal onde se alimentam rancores e reina o desamparo, onde todos se evitam, não se compreendem, muito menos se respeitam.

Por tudo isso e tudo mais, à família moderninha, com filhos nas mãos de uma gatinha vagamente idiotizada e um gatão irresponsável, eu prefiro a família dita careta: em que existe alguma ordem, responsabilidade, autoridade, mas também carinho e compreensão, bom humor, sentimento de pertença, nunca sujeição.

É bom começar a tentar, ou parar de brincar de casinha: a vida é dura e os meninos não pediram pra nascer.

PRECISA-SE DE MATÉRIA PRIMA PARA CONSTRUIR UM PAÍS

Caríssimos,

Ultimamente tenho estada em silêncio, pois não tenho conseguido escrever nada sobre tudo o que está acontecendo por aí... latrocínios por qualquer coisa, crianças arrastadas por quarteirões, redução de jornada de trabalho de parlamentares federais, seguida de aumentos de salários astronômicos, operações hurricane, ..., ..., ... É tanta coisa ruim... tanta injustiça, tanta "sacanagem" que não consigo escrever sobre tudo isso.

Mas publico aqui um artigo excelente de João Ubaldo Ribeiro, que faz uma análise de tudo isso que está aí... e que vale uma boa reflexão!

Forte abraço, boa leitura, e ótima reflexão a todos!

PRECISA-SE DE MATÉRIA PRIMA PARA CONSTRUIR UM PAÍS

A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve E o que vier depois de Lula também não servirá para nada.

Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão e corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós.

Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a "ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família. Baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... E para eles mesmos.

Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as
pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.

Onde fazemos "gatos" para roubamos luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros.

Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.

Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar.

Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.

Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa.

Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...

Entristeço-me. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados.... Igualmente sacaneados!!!

É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilianidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar. Um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro... Somos nós os que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe)
que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.

Sim, decidi procurar ao responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

Aí está. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO E você, o que pensa?...

MEDITE!!!!!

João Ubaldo Ribeiro