quarta-feira, agosto 09, 2006

A implosão da mentira

Caríssimos,

Estamos imersos num mundo de profunda crise de valores. Já não sei mais o que pensar... Outro dia, foram assaltantes a bancos sendo cultuados como heróis por milhares de pessoas em sites de relacionamento (vejam as várias comunidades dedicadas aos assaltantes do Banco Central no Orkut), escândalos envolvendo arbitragem de futebol (cancelaram 11 partidas do Campeonato Brasileiro do ano passado por conta de manipulação de resultados por parte da arbitragem), depotismo escancarado no congresso nacional, corrupções a mil... mensalões e dólares em cuecas. Hoje temos os "sanguessugas", em Rondonia, 23 dos 24 parlamentares estaduais estão envolvidos em corrupção, na política, a briga do momento é provar quem roubou menos. São tempos de "nanismo moral", como já disse Alexandre Garcia. E mais mentiras, mentiras, e ainda mais mentiras, ... Onde é que a gente vai parar ? O que é que tá acontecendo ?

Eu estou realmente preocupado! Fala sério! "Que país é esse ?!"

Como diria meu amigo "Profissinha", isso me lembra um poema de Afonso Sant´Anna, que fala um pouco dessa perplexidade pela qual estou passando...

Um abraço!


A implosão da mentira

(Por Afonso Romano de Sant'Anna)

"Mentiram-me. / Metiam-me ontem / e Hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente / que acho que mentem sinceramente.

Mentem sobretudo impunemente.
Não mentem tristes, / alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente / que acho que mentindo história a fora
vão enganar a morte eternamente.

Mentem, mentem e calam
mas nas frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura,
mas não se chega à verdade pela mentira
nem à democracia pela ditadura.

Evidentemente crer que uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo permanentemente.

Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carroça à besta em frente,
mentem como a doença ao doente,
mentem como o espelho transparente
mentem deslavadamente como nenhuma lavadeira mente ao ver a nódoa sobre o rio
mentem com a cara limpa e na mão o sangue quente,
mentem ardentemente como doente nos seus instantes de febre,
mentem fabulosamente como o caçador que quer passar gato por lebre
e nessa pilha de mentiras a caça é que caça o caçador
e assim cada qual mente indubitavelmente.

Mentem partidariamente, / mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente, / mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir tão bravamente
constroem um país de mentiras diariamente."

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