quinta-feira, junho 28, 2007

"Porrada na filha dos outros é bobagem"

Caríssimos,

Eis o depoimento do pai da Sirley (a jovem espancada pelos rapazes da Zona Sul do Rio de Janeiro), Sr. Renato Moreira Carvalho, 54 anos, pedreiro...

Sinto um pouco de pena deles (os agressores), pela falta de estrutura, não digo nem familiar, mas mental mesmo. Um rapaz que faz uma coisa dessas não tem estrutura. Mesmo se fosse uma prostituta, ninguém é merecedor de agressão.

Eles precisam de tratamento, que os pais olhem para ver se estão dando atenção a eles. Sou pai de quatro filhos, íntegro e trabalhador. Não pude dar uma bicicleta aos meus filhos, mas dei limites. Os jovens hoje têm muita mordomia, liberdade. Os pais devem tentar saber o que os filhos fazem fora de casa, depois das 22h.

Como pobres, lutamos dignamente para sobreviver. Ela (Sirley) é batalhadora. Não tem dia nem hora para trabalhar. E eles tiraram o direito de ela ganhar mais um pouco. Logo quem ganha a vida facilmente, com o dinheiro dos pais. Agora eu vejo que soube educar os meus filhos."

Enquanto isso, o pai de um dos agressores diz que não acha justo e correto que seu filhinho fique preso com bandidos, pois trabalha e faz faculdade, e ainda é "uma criança". E além disso, "ele até já pediu desculpas".

Essas crianças não são bandidas. Existem crimes piores. Eles fizeram uma bobagem e terão que pagar por isso. Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa. Mas não é justo manter presas crianças que estão na faculdade, têm família, estão estudando, trabalham. Não concordo com a prisão na Polinter, ao lado de bandidos"

E o empresário Ludovico Ramalho Bruno, 47 anos, pai de Rubens Arruda Bruno, 19, foi além... Ao tentar explicar a quantidade de hematomas que a vítima carrega no corpo, o pai de Rubens disse que "Sirley é mais frágil por ser mulher, por isso fica roxa com apenas uma encostada". Ao contrário do homem que, segundo ele, é mais resistente.

Sirley teve a bolsa roubada e o rosto fraturado depois de levar chutes de jovens moradores de condomínios da Barra da Tijuca que a confundiram com uma prostituta (Como assim? Isso justifica alguma coisa?). Segundo Sirley, durante o reconhecimento dos acusados, um deles riu e debochou da doméstica.

Pois é... É o famoso "porrada na filha dos outros é bobagem".

Lamentável.

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